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Exercício apenas para combater a obesidade?



É inegável que o excesso de peso não traz saúde. No entanto, como podemos comprovar saúde usando apenas o peso corporal como referência? Pesquisas apontam que a diversidade corporal existe e que há pessoas que podem ter saúde, mesmo estando com IMC fora do limite considerado saudável. A ciência já comprovou que a consequência a longo prazo de quem faz dieta restritivas é engordar, logo o aumento da obesidade provavelmente continuará, uma vez que dietas são feitas a todo momento por muitas pessoas.

Estudo publicado pela Lancet, uma revista de alto impacto na comunidade científica, aponta que outros fatores de risco para a expectativa de vida merecem destaque: tabagismo, diabetes, sedentarismo, hipertensão. E a obesidade aparece em último lugar. Precisamos readequar nosso conceito de saúde. Peso corporal e IMC não definem saúde sozinhos. Sim, os excessos não são saudáveis, mas isso tanto vale para magreza quanto para a obesidade. Abordagens com foco em outros setores da saúde e que não priorizem apenas a questão do peso corporal são necessárias.

Há pessoas que são classificadas como obesas, porém, estão mais saudáveis do que as que são categorizadas como magras. Precisamos redefinir os parâmetros de saúde urgente. Avaliar saúde apenas com o físico não é mais o suficiente. Devemos inovar nas pesquisas e na nossa abordagem para promover saúde com uma visão ampliada e a consciência expandida. Ações e pesquisas com foco em saúde mental, emocional, social, ou seja, na saúde multidimensional é a necessidade do momento. As pesquisas se aprofundam e apontam a mudança do tamanho do ser humano sem prejuízos à saúde.

Que tal refinarmos o olhar e mudar o conceito de saúde e beleza?

Disseminar que praticar exercícios, comer com equilíbrio e com qualidade frutas, legumes e verduras não basta para impactar as pessoas e promover mudanças significativas. Será que ao invés de prevenir a obesidade podemos focar em prevenir o comer transtornado? Será que ao invés de promover atividade física para prevenir doença não seria melhor incentivar o exercício para ser um momento de satisfação e estima?

O exercício intuitivo é uma abordagem que estimula a prática de exercícios como um momento para o praticante se conhecer, se cuidar, se satisfazer e se energizar de alegria e também de endorfinas. Estimular exercício para combater a obesidade é discursar a partir da doença, ou seja, é estimular o exercício por obrigação, e até pode incentivar a gordofobia. Reduzir o exercício a esse contexto é perder todo o desfrute que se exercitar pode promover ao nosso ser. Exercício traz muita saúde, benefícios e qualidade de vida mesmo sem impactar no peso corporal.

Peso corporal e IMC sozinhos não definem saúde. E gordofobia é doença. Qualquer fobia é doença. A medicina da doença não parece ser a solução para o cenário vigente. A geração atual necessita investir na medicina da saúde.

Algumas sugestões de referências:

Leme RJA. Saúde é consciência: medicina da saúde x medicina da doença. São Paulo: Ciranda Cultural, 2012.

Alvarenga M, Antonaccio C, Timerman F, Figueiredo M. (Orgs.). Nutrição comportamental. Barueri: Manole. 2015.

Bacon L. Heathy at every size: the surprising truth about your weight. BenBella Books. 2008.

Stringhini S, Carmeli C, Jokela M, Avendano M, Muennig P, Guida F, et al. Socioeconomic status and the 25 x 25 risk factors as determinants of premature mortality: a multicohort study and meta-analysis of 1.7 million men and women. Lancet.

389 (10075):1229–37, 2017.

Tylka TL, Annunziato RA, Burgard D, Danielsdottir S, Shuman E, Davis C, Calogero RM. The weight-inclusive versus weight-normative approach to health: evaluating the evidence for prioritizing well-being over weight loss. Journal of obesity. 2014.

Hebebrand J, Holm JC, Woodward E, Baker JL, Blaak E, Durrer Schutz D, et al. Proposal of the European Association for the Study of Obesity to Improve the ICD-11 Diagnostic Criteria for Obesity Based on the Three Dimensions Etiology, Degree of Adiposity and Health Risk. Obes Facts 2017;10(4):284-307.

Esse post também é um apoio a inciativa da jornalista Alexandra Gurgel que lançou a campanha #GordofobiaNãoÉPiada


Para saber mais sobre o trabalho dela siga @alexandrismos



Esse post foi escrito por Paula Costa Teixeira.

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