Tive a oportunidade de trabalhar num projeto de prevenção de transtornos alimentares em escolas públicas na capital de São Paulo. Foi um projeto lindo de uma amiga nutricionista que admiro muito! Um dos nossos objetivos era aumentar o nível de atividade física de meninas adolescentes e isso foi um grande desafio!
Foi super interessante entrar em contato com o mundo delas, aprendi demais, tanto exemplos bacanas quanto preocupantes. A parte bacana foi a super troca de experiências que tivemos, o carinho que recebi, a alegria de estar junto ao vivenciar uma brincadeira nova a cada dia e o quanto elas gostavam de partilhar suas descobertas.

Quanto a parte preocupante… Para mim, especialmente, foi ver o quanto a pauta SAÚDE está desconectada do mundo da educação. Um dos temas que discuti com as alunas foi “o que é saúde para você?”. E algumas alunas associaram saúde com magreza. Talvez você não enxergue a proporção desse problema. E uma das razões disso se deve ao fato de sermos influenciados pela mídia a acreditar que o segredo para se ter saúde é ser magro.

E o que é ser magro?
Aí está o problema maior, porque vi alunas que acreditam que corpos com tamanhos de peso corporal classificados como anorexia são saudáveis. Em outras palavras, o que é considerado peso saudável para a Organização Mundial da Saúde, para elas significava já estar acima do peso!
E o que isso tem a ver com saúde e atividade física? Para mim tudo. Ao invés de desenvolver um trabalho de aumento do nível de atividade física, tive que dar um passo para trás (aliás vários passos) e tentar transformar o significado (re-significar) os conceitos de saúde, atividade física e exercício. Afinal, como eu poderia fazer as alunas se exercitarem, se isso significava uma obrigação para queimar calorias? Pensar assim, tornava a atividade física muito chata.
A meu ver, isso é um dado muito sério. Se é na escola que esperamos desenvolver os formadores de opinião do futuro, os pesquisadores do futuro, os cuidadores e educadores do futuro, como podemos negligenciar tanto a discussão sobre saúde do ambiente escolar. Essa é uma questão de saúde pública. Já sabemos o quanto é mais econômico e fácil prevenir do que remediar.
Estou tentando fazer a minha parte e convido você a fazer a sua também. Esperar que alguém tome a atitude e faça algo por nós é ilusão. Nós somos o governo. Se cada um fizer um pouquinho, juntos seremos mais.

Infográfico sobre os fatores que contribuem para a saúde num ambiente escolar:
Relações e ambiente, políticas públicas, ensinar e aprender, parcerias com a comunidade, limpeza e segurança, lideranças estudantis, fazer escolhas alimentares, trabalhar em equipe, atitude positiva para a saúde mental, estilo de vida ativo, práticas saudáveis, alimentação saudável, relações saudáveis, movimento/ atividade física, ir pra ação, envolver toda escola, um estudante aprende com o outro, e a importância do respeito.
Agradeço a Profa. Dra. Karin Louise Dunker pela oportunidade de ter feito parte do seu projeto de pós-doc. Obrigada Karin!
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